O meu produto tem potencial para ser vendido online? Por onde devo começar?
artigo publicado no Linkdin – na integra
Comecemos com alguns números sobre o que é isto de comprar e vender online: 39% dos Portugueses compraram ou encomendaram bens ou serviços online nos últimos 12 meses[1], contrastando com 58% dos Espanhóis, 70% Franceses, 79% Alemães ou os impressionantes 87% dos Ingleses.
Se a estes números, acrescentarmos como mera curiosidade que 55% da busca de produtos online nos Estados Unidos é realizada no site da Amazon e não no Google, começamos a perceber que temos um longo caminho a percorrer.
Espanha cresceu num ano, em volume de vendas online 29% e a Alemanha uns 9,1%[2]. Tratando-se de um mercado já “maduro” os números são impressionantes. Em Portugal o nosso crescimento foi de 17% [3].
O efeito Amazon em Espanha continua a ser um fator impulsionador de todo o e-Commerce no nosso país vizinho, ao ponto de ser já a 4ª maior economia europeia em volume de negócios. Se juntarmos a este crescimento o facto do grupo Alibaba (AliExpress, Alibaba.com, etc) ter definido neste país o seu quartel-general para a Europa, e de ter aberto em Madrid a primeira loja física AliExpress da Europa, temos um conjunto de fatores que nos fazem “adivinhar” que o crescimento vai continuar na casa dos 2 dígitos.
Atento a este “atraso” e por se perceber que a utilização do mercado online Marketplaces é uma forma bastante segura e eficiente de fazer crescer as exportações das PME’s Portuguesas, foi recentemente lançado pelo AICEP o primeiro plano de financiamento que contempla, entre outras, a criação de Departamentos de e-Commerce como estratégia de exportação.[4]
Podemos ainda acrescentar o crescimento bastante acentuado de e-shoppers na Europa e a facilidade de utilização de Marketplaces como a Amazon com marketplaces em Espanha, Inglaterra, Itália, França e Alemanha e em breve também na Holanda. No nosso caso, uma PME Portuguesa acede à plataforma do gigante Americano pagando 39€ por mês (5 lojas na Europa) e 15% (máximo) de comissão de todos os bens transacionados. Trata-se de um pequeno valor a pagar contrastando com os modelos de exportação tradicional, feiras, importador, entre outros.
Um fabricante de um produto que o exporte através de canais tradicionais, vê o valor do mesmo a crescer substancialmente até chegar ao consumidor final; contudo, ao transacioná-lo diretamente com o consumidor final, tornar-se-á mais competitivo, com uma margem maior que poderá utilizar para financiar a criação do seu departamento e-commerce.
Numa primeira fase, pode selecionar alguns mercados onde não opera e efetuar venda direta dos mesmos através de Marketplaces, transformando-os no seu principal canal de exportação, utilizando por exemplo o AliExpress para o mercado Russo (de longe a plataforma mais utilizada neste mercado).
É fácil? Não, não é. A abordagem do e-commerce é bastante diferente da do comércio tradicional. No e-commerce não é a marca/empresa o elo mais forte, é o produto. Aqui o produto é rei, quer dizer, o produto, a avaliação do mesmo, conjugado com o seu preço e capacidade de disponibilização deste, é mais importante que a sua marca e o investimento que possamos fazer nela.
Por fim, não embarque neste processo pelo telhado.
Não corra a criar o seu departamento e-commerce sem antes dar resposta a uma série de questões:
· O meu produto tem potencial para ser vendido online?
· É uma boa estratégia para internacionalizar a empresa? Que mercados?
· Qual a concorrência que o meu produto tem nos principais marketplaces?
· Qual deve ser a minha estratégia para vender online? Por onde começar?
· Existem apoios comunitários para estas ações? Somos elegíveis?
· Quais os recursos financeiros e outros que preciso?
· Que requisitos legais são necessários para exportar para determinados mercados?
Existem empresas especializadas no fornecimento destes serviços, com conhecimento e experiência para testar com segurança os seus produtos em Marketplaces para que, quando chegar a hora de criar o seu departamento de e-Commerce, o faça com grande certeza de que chegou a hora de dar este passo, minimizando riscos e desperdício de recursos.
Pedro Pereira – Consultor e-Commerce
[1] Eurostat 29-01-220
[2] E-Marketer – https://www.emarketer.com/content/germany-is-western-europe-s-second-largest-ecommerce-market-behind-the-uk
[3] CTT e-Commerce Report 2019
[4] AAC 01/SI/2020 e-Commerce e Transformação Digital Prazo de apresentação candidaturas até 30Março´20